quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Ela era livre... e sabia...

É essa a sensação que tenho sempre que leio ou ouço algo sobre Madeleine Peyroux. E as reticências são para garantir a continuidade desta liberdade tão explícita, aos meus leigos olhos, nos momentos captados pelas lentes do fotógrafo Hélvio Romero que estampam o Caderno 2 do Estadão de hoje.

Imagino o que é cantar nas ruas, como a Madeleine, em Paris, ou o Edson Cordeiro, em São Paulo. Olhar as pessoas que passam e as poucas que lhe ouvem... lhe sorriem. A sensação de poder e desprezo, encantamento e desilusão. E agora, nos dois casos, diante de platéias repletas e dispostas a pagar o preço para estar ali. Vindas de várias partes do mundo...

... mas a essência não muda. Acredito que não. Amadurece, ganha nuances, mas não muda. As fotos do Estadão de hoje trazem a mulher segura que canta com um público aos seus pés. Mas também revelam a alma da menina que ainda na adolescência ganhou da mãe o companheiro inseparável de uma vida: o violão.

Agenda cheia, dinheiro farto, mimos e cuidados, opções, luxo... tudo em troca da liberdade agora vigiada. Madeleine, que no início da fama sonhou poder continuar a acompanhar seus colegas artistas de rua entre uma turnê e outra, nos intervalos de seu "show" que só estava começando... e que em seu promissor retorno, depois de pausas totalmente pessoais e intransferíveis, rende-se novamente aos compromissos e destinos agendados com tremenda antecedência... só pode ser porque nas letras, na música e na voz, é capaz de extrapolar, com doçura, sua liberdade, seu jeito de ser. "Don't wait too long" e mais nada a declarar.

Um comentário:

Filipe Mello disse...

Isso me lembra de Joshua Bell tocando no metro de NY e ninguem parando para apreciar... na mesma noite, ingressos disputados a tapa para uma audição especial na Manhattan School of Music...way weird!
Ironico, mas achei ao acaso o poema que queria escrever em meu primeiro blog...
impecabilidade.blogspot.com