Eu até tentei repensar essa história, mas não consegui engolir esse sapo. Mais esse, não. Já estamos em silêncio há muito tempo. Inclusive eu. O que tenho feito para mudar? Nada. Mas em silêncio é que eu não ia ficar. Não mesmo. Silêncio, não!
Pelo menos aqui na redação em que trabalho quase todos concordaram comigo. Bom sinal. Não sou uma revolta solitária. Claro que a certa altura virou piada. Como tudo no Brasil. Caramba! Continuamos contribuindo com isso...
Bem, nossa manifestação inconsciente só teve início após as duas da tarde. Foi quando lembrei um dos colegas que ele mesmo havia esquecido de acompanhar o movimento "Cansei", marcado para as 13h, ao qual, disse-nos ontem, todos deveríamos nos render. Queria que ficássemos quietinhos, parados, em pé, como crianças de castigo na pré-escola. Seria trágico, não fosse cômico. Nossa redação, há 15 dias, foi transferida para uma espécie de "aquário", no centro da editora, e todos poderiam assistir nossa "atuação", se quisessem.
"Nossa, esqueci. Vou fazer agora", foi o que ele me respondeu, olhando para o relógio. Ali, em ponto estratégico, baixou a cabeça e com olhar de soslaio para o relógio passou a contar os 60 segundos unindo-se aos "Cansados da Praça da Sé". Não titubiei. Peguei o telefone e liguei para os ramais das salas ao lado pedindo atenção ao protesto solitário...
"Olhem para o protesto do (piiiiii) na redação da (piiiiii)", dizia meu interlocutor, do outro lado da linha. E se no primeiro instante todos os seus colegas de sala viravam o rosto em silêncio, na nossa direção, com aquela cara de "Oooohhhhh!", logo se percebia o burburinho gerado em cada departamento pela graça. De graça!
Agora, passadas quase duas horas do fato, olho para os mesmos que nos focaram naquele instante e vejo que cada um continua seu trabalho, sem se quer lembrar do ocorrido. Como sempre acontece, com tudo que acontece e fica no passado... e talvez não seja lembrado nem que haja pelo fato um minuto de silêncio.
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