sábado, 26 de janeiro de 2008

Sampa, 454 anos

Ontem foi aniversário de São Paulo, hoje não é mais. O final de semana prolongado segue seu curso. Há quem esteja passeando, descansando, ou mesmo trabalhando, como eu. Mas não vem ao caso.

As comemorações continuam. Poucos, no entanto, tem motivos para tanto. A Cidade Limpa do nosso prefeito Kassab, sem placas, outdoors e afins, tem me permitido enxergar além da propaganda. Vejo moradores de rua e pedintes que continuam nos faróis. Ali, quase imperceptíveis, disputando espaço com a paisagem urbana. Motivo de medo para os engravatados que se apercebem desses humanos tão distintos e primitivos.

De um lado os varais lotados de roupas velhas nas sacadas que ao longe parecem fétidas pela aparência embolorada. De outro as mansões e suas grifes. Partes distintas ligadas por ruas e avenidas sufocadas e intransitáveis com suas máquinas de fazer poluição. "Compre em até 72 vezes", diz o garoto-propaganda na TV, sobre o carro do ano.

A Sampa poética de Caetano parece estar esquecida entre as obras, seus cones e britadeiras espalhados pela cidade. Me lembro saudosa dos sonhos de menina que me transportavam para a minha cidade luz. A capital da avenida Paulista e do Anhangabaú. Da Estação da Luz, do Brás, Bom Retiro... São Paulo dos grandes espetáculos, da São Silvestre, do bom cinema e da boa gastronomia... das variedades e diferenças culturais.

Foi sonhando com o dia em que moraria em São Paulo que encontrei-me crescida, aos 22, e parti. Vim parar em Sampa. E só hoje me dou conta que na verdade foi aqui que cresci. "... e foste um difícil começo, afasto o que eu não conheço e quem vem de outro sonho feliz de cidade..." Aprendi depressa a chamar-te de realidade, Sampa. Mas ainda hoje, oito anos depois, posso dizer com a certeza de quem mora logo ali: "alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João".

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Mulher de 30

E pensar que eu achei que devia esperar pra estrear esse blog quando "balzaquiasse"... Ainda bem que mudei de idéia. Trintei e nem passei por aqui. O ano virou e olha só o tempo que levou até que eu retornasse.
Tudo bem. Ah sempre uma porta aberta, quando seguimos adiante sem fechá-la. Piegas, não?
Mas voltando aos meus 30, não posso dizer que nada mudou. Tudo parece ter mudado. Tudo está diferente, porque é assim que tenho me permitido enxergar.
Idades cheias como os 20, os 30.. nos fazem mesmo rever a vida, as rotas, os destinos. Mas o melhor de tudo é a disposição de recomeçar que me foi dada de presente. Não recomeçar do zero. Não acredito nisso. Mas recomeçar a cada dia, a cada momento, a cada insatisfação e até mesmo quando satisfeita, porque não?!?
Um jeito novo de olhar, de aceitar e até de dizer não. Um jeito doce de amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Um apropriar-se do que já foi dito, feito ou cantado, não por mera posse ou distração, mas por convicção. Um sorrir pra valer!
Tenho aprendido coisas lindas e boas a cada amanhecer. Tenho esquecido coisas feias e tristes ao anoitecer.
Quero viver assim, um dia após o outro. Quero amar assim, com calma, sem a pressa de pensar no amanhã!
Boa noite.