domingo, 22 de julho de 2007

Paris nas telonas de São Paulo

Ontem assisti ao último - eu acho - dos três filmes em cartaz em São Paulo que se passam em Paris: "Paris, Te Amo". Os outros dois foram "Ratatouille" e "Medos Privados em Lugares Públicos". Recomendo os três.

Eu, que há menos de um mês estava na Cidade Luz, tive bons motivos para olhar para a telona e suspirar. Ah, Paris... Mas meus suspiros não eram solitários. Vários colegas de salas, cada um à sua maneira e com suas lembranças ou sonhos, reverenciavam as imagens e histórias que mostravam que Paris é mesmo tudo de bom.

"Ratatouille", a história do ratinho Remy que sonha em se tornar um cozinheiro famoso em Paris e se une ao orfão Linguini, encanta também pela animação. As cores, formas e personagens nos despem dos preconceitos de gente grande e nos permitem mergulhar na história feito crianças. Aliás, nesta sessão, as risadas sobressaíam-se aos suspiros - que ainda assim eram percebidos pelos ouvidos mais atentos. A moral da história também vale - e muito - para nossa sociedade imediatista que acaba por exigir que abandonemos nossos sonhos para podermos cumprir com afinco nossas tarefas.

"Medos Privados em Lugares Públicos", de Alain Resnais, aborda as relações humanas e seus conflitos. Que atire a primeira pedra quem nunca se encontrou em situação parecida - quiçá idêntica a ponto de pensar em processar o autor por ter escancarado parte de sua vida na tela do cinema, assim, sem autorização. Romance e humor, muito bem dosados, fazem parte da trama. Tão bem dosados como deveriam ser na vida real, mas "enfin"!
Há muita neve e, como aprendi no curso de teatro, todo objeto de cena deve ter sua razão de ser. No filme a neve tem. E como... Jamais poderá ser considerada excesso ou apelo emocional - pelo menos para mim. E o que é aquele elenco... nem vou me ater aos nomes que não é meu forte, fazer o que? Mas há expressões ali que mereceriam, no mínimo, 24 horas de observação com o DVD em pausa. Uma riqueza para os estudiosos ou amantes da interpretação. Meus aplausos... clapt, clapt, clapt...

"Paris, Te Amo". Uma colcha de retalhos em que cada pedacinho de pano reflete a visão de um cineasta sobre Paris - ou de uma dupla, como a brasileira formada por Walter Salles e Daniela Thomas. Gostei do drama social de nossos conterrâneos sobre a mãe que deixa o próprio filho em uma creche para... bom, não vou contar o final. Claro que há episódios alí sem pé nem cabeça. Aliás, em alguns só faltou mesmo personagens como a folclórica e brasileiríssima mula-sem-cabeça... rs. Bom, deixa pra lá. Isso se perde entre tantas outras boas histórias.
A que mais me tocou, entretanto, é a da turista americana, solteirona e solitária. Tomadas as devidas proporções, acho que o momento do ápice da cena, em que ela realmente descobre Paris e Paris a ela, aconteceu comigo. Algo como: sua felicidade não está em Paris ser o que é, mas em você, que está em Paris. Dá para entender? Se você assistir ao filme vai entender. Do seu jeito, mas vai.

Mesmo sem falar ou entender francês*, estas idas ao cinema me fizeram muito bem. Ouvir francês e rever Paris me alimentaram a alma. E me fizeram repetir intimamente a suave e não tão pouco poderosa expressão Paris, Je T´Aime. Por isso, nem eu mesma sei quantas vezes quero dizer Au revouir!

*preciso corrigir esta lacuna porque desde criancinha acho a língua mais linda do mundo. Certa vez, lá pelos 8 anos, talvez, encontrei nos "arquivos secretos" do sítio do meu avô materno um dicionário de francês. Velhinho, coitado - o dicionário, não meu avô... rs. Que hoje está em algum lugar dos meus "arquivos secretos", em Ibirá. O francês continua a me encantar. Mesmo sem entender além de um bonjour, s'il vous plait, ma-cherie, mon petit... merci - se é que é assim que se escreve. Mas vou aprender. Diminuir o afinco com que realizo certas tarefas menos importantes e dedicar-me ao francês... Ah, o francês... Promessa!

Nenhum comentário: