quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ela poderia ter sido Cleuza, mas preferiu apenas interpretá-la

Ainda não assisti ao filme “Linha de Passe”*, dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas. Se o tivesse, poderia até expor uma opinião sobre a performance da atriz Sandra Corveloni. Opinião pessoal, antes de tudo, embalada pelo que aprendi no Teatro Escola Macunaíma, onde me formei. Mas que em nada mudaria os fatos. Nem tampouco tiraria os méritos da brasileira que conquistou a Palma de Ouro como Melhor Atriz no Festival de Cinema de Cannes deste ano.

Ela é brasileira e paulistana. Ela desfila uma beleza real. Ela estava em casa, brincando com o filho, quando foi declarada a melhor atriz de 2008, no glamouroso Palais des Festivals de Cannes, na França, por interpretar Cleuza, a mãe solteira de cinco filhos – um deles ainda na barriga - que luta diariamente pela sobrevivência e contra a exclusão social. Ela se destacou entre estrelas como Angelina Jolie, que concorria pela atuação em “Clint Eastwood”, e Julianne Moore, atriz de "Ensaio Sobre a Cegueira", do diretor brasileiro Fernando Meirelles.

Sandra Corveloni é a mulher da vez. Toda a mídia se joga aos pés da nova musa morena. A menina que viveu na periferia e poderia ter tido destino semelhante ao de Cleuza, sua personagem. Ou pior. Mas se deu conta de que a vida não permite ensaios. Viver é estar em cena e Sandra decidiu que o roteiro da sua história caminharia para um final feliz. Não esperou que a própria sorte mudasse seu rumo. Caminhou. Transpirou. E que venham as palmas, os ouros e os louros. Que não falte coragem, determinação e muito trabalho, já que as cortinas ainda não se cerraram.

A foto é de Tiago Queiroz e foi publicada no www.estadao.com.br.

*“Linha de passe” concorreu também como Melhor Filme no Festival de Cinema de Cannes de 2008, mas o título ficou com “Entre Les Murs” (Entre as Paredes), do diretor Laurent Cantet.

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