"Onde você está?", foi o que ouvi ao atender o celular. "Em algum lugar muito quietinho", continuou minha interlocutora, do outro lado da linha pela qual eu ouvia muitos sons e ruídos. "Estou em casa, lendo e escrevendo", respondi. Ela era uma na multidão da avenida Consolação que aguardava a passagem do desfile da Parada GLBT. Mas sua voz estava radiante e seu timbre dizia que ali havia alegria.
Até pensei em me encontrar com ela e sua animada turma. Mas me lembrei de outro telefonema que recebi ontem, de um amigo gay, e desanimei. "Estou até com medo por que tem tanta obra na Paulista que se acontecer uma confusão vai ter gente enrolada naquelas redes de proteção que não vão se soltar nunca mais", foi o que ele disse, partindo depois, obviamente, para seu humor sacana. Mas pensando bem, isso não é problema. Afinal, se a situação apertar, a Ministra do Turismo que está em um dos carros alegóricos é capaz de levar o público ao delírio com seu famoso mantra: "Relaxa e goza!".
Aliás, em seu discurso na abertura do evento - que estou acompanhando pela internet -, Marta Suplicy declarou que a Parada do Orgulho GLBT atraiu 327 mil turistas para a cidade de São Paulo, sendo 5% estrangeiros*. Muito bom. Mas melhor ainda será se o tema discutido este ano, "Homofobia mata! Por um Estado laico de fato", contribuir para diminuir os índices de criminalidade contra esse público. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays e Transexuais (ABLGT), Toni Reis, nos últimos 20 anos mais de 2,8 mil homossexuais foram mortos no Brasil*. Assustador.
No entanto, essa gente alegre que hoje colore as avenidas Paulista e Consolação é apenas uma parcela que chama a atenção para o preconceito latente de nossa sociedade que ainda não aprendeu a conviver com a diversidade.
Como escrevi ontem, não dá para querer que os outros ajam como nós, sigam nossas regras. Não existe receita para a felicidade. É importante, sim, estar atento para o direito do outro e para o fato de que sua liberdade termina onde começa a do próximo. Mas as pessoas são diferentes sim e ai está a mágica da humanidade. Cada ser é único e merece ser respeitado como tal. E que assim seja!
*fonte: www.estadao.com.br
domingo, 25 de maio de 2008
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