
E hoje, diante de um Caetano Veloso despido de corpo e alma, senti que meu coração vagabundo também quer guardar o mundo em mim. Assistindo ao documentário totalmente despretensioso e por isso verdadeiro do diretor Fernando Grostein Andrade, voltei à minha adolescência e gostei do que vi. Tanto nas minhas lembranças quanto no real Caetano que me foi apresentado hoje.

Fernando, o diretor de apenas 27 anos - e que começou o projeto aos 22 - nem era fã por ele mesmo. Me revelou hoje, em entrevista que será veiculada no propmarkTV, que cresceu ouvindo a mãe adorar o Caetano... perai, eu adorei Caetano! Mas acho que foi essa proximidade distanciada de fã não fanático mas curioso pelo ser que permitiu à Fernando captar com verdade. E Caetano, como nunca se viu - pelo menos não eu - se sentiu a vontade.
Mais espanto ao ler na Trip (agosto/2005) o artigo de Fernando sobre os bastidores das gravações. Ainda escreve bem o multimidia polivalente "pirralho", como diria a Paula Lavigne. E teria sido bom jornalista também. Mas pode bater no peito, Fernando, e dizer: "Caetano se despiu pra mim". Sem timidez ou constrangimentos. Você trouxe a alma do mito à tona. Deu zoom até encontrar o ser humano.
A impressão que fica é que o menino Caetano da interiorana cidade baiana, Santo Amaro, foi brincar na casa do menino Fernando da capital paulista, ou vice-versa. Ambos ali, dispostos a compartilhar experiências e inconscientes das distâncias sociais, seja de tempo ou de estilo de vida. E que ao final do dia voltaram para suas casas para continuarem a vida. Que não será a mesma. Caetano foi visto por dentro e foi Fernando quem aproximou a lente de aumento.

Fernando também me inspirou. Meu trabalho tem sido assim, eu e minha câmera. E é pela falta de parafernália que também tenho encontrado verdade nos bate-papos gravados cá e lá. Amanhã, sem dúvida, ao botar meu equipamento nas costas e partir para mais uma aventura, não me sentirei só. Ou pelo menos gostarei mais dessa solidão profissional que termina quando ligo o REC e disparo a falar com alguém.
Obrigada Fernando, Raul (Dória, o produtor do filme que também me deu entrevista e se mostrou tão encantado quanto eu com esse Caetano), pela recepção carinhosa e pela experiência da minha última tarde de 30. Iara, a assessora também, o Raoni que voluntariamente - "encorajado" e nomeado repórter por 1 dia pelo Fernando - operou a câmera, o Fabio que me serviu café várias vezes e todos que carinhosamente me acolheram nesta tarde.
Obrigada Caetano. Gostei muito de te ver, caminhando sob o sol. Sua pele, sua luz, sua juba.
Agora uma declaração com gostinho de doce de feijão japonês colorido de rosa ao paladar de Caetano: obrigada vida pelos meses bem vividos entre os 30 e o 1 que vem ai ;)
E que comece o melhor dos anos.
OBS. Imagens cedidas pela Cine
Um comentário:
Adorei a matéria ,e que blusinha bonitinha de verdade hein? Aproveite a viagem, bom trabalho !Enjoy .Glória
Postar um comentário