domingo, 28 de setembro de 2008

Aula de dobraduras

Quem olha para meu exemplar de Comer, rezar, amar, deve ter a impressão de estar diante do meu livro de "anotações" de uma "aula prática de dobraduras". É que adotei, em algum momento da minha vida literária, o hábito de "grifar" meus livros simplesmente dobrando as páginas formando com suas pontas uma flecha indicativa ao "xis" da questão.

Sim, e eu cheguei ao fim do livro. Foram exatos 47 dias desde que levei Liz Gilbert e suas aventuras pela primeira vez para minha cama... um período bem mais longo do que eu poderia prever ao sentir de imediato o prazer que a leitura estava me causando. Mas a falta de tempo... (não vou me repetir aqui). O fato é que gostei e me identifiquei tanto com as anotações de Liz que meu livro realmente ficou parecendo um caderno de dobraduras.

Em uma rápida análise posso dizer que foi a sinceridade de Liz que me prendeu à leitura. Essa mulher que se despe completamente - claro que somada à escritora que sabe e quer vender suas histórias - deixando a mostra suas mais aterrorizantes intimidades de forma tão real e perfeitamente identificável que me fizeram respirar aliviada em vários momentos e suspirar um "nossa, é exatamente isso".

Alívio também por saber que sim, mesmo com nossas distantes e diferentes histórias de vida, somos todas quase iguais; temos todas os quase mesmos sonhos - e aqui é preciso dizer que falo de algo muito mais complexo e simples do que os desejos de colecionar vestidos, sapatos, namorados, maridos ou perfumes -; e sim, temos todas uma única e mesma meta final, não como mulheres mas como seres humanos, a de encontrar e manter a felicidade bem ali, colada a cada uma de nós. (Perdoem-me os homens que estiverem lendo este blog, mas sinto-me muito tentada ultimamente a falar com as mulheres. E não tentem entender o porquê.)

Quero aproveitar aqui para responder a uma pergunta que me foi feita quando ainda me dedicava as primeiras páginas... agora com a propriedade de quem chegou a página final:

-Este livro será de auto-ajuda a medida que você esteja buscando ajuda. A minha experiência com esse texto foi a de me permitir olhar no espelho e rir de mim e para mim. A medida que fui chegando ao final do livro percebia que eu já sabia como tudo terminaria e nem sempre era como gostaria que fosse, ou bem melhor que isso.

O que mais me anima, no entanto, é que a história não terminou. A vida continua e preciso deixar o blog agora para continuar a escrever a minha, sem compromisso e, como diria a guru indiana de Liz: "Medo... de que?"

Ao quase encerrar esta mensagem quero dizer que resisti a copiar aqui alguns dos trechos "grifados" no meu livro, respeitando quem está no meio da viagem e não quer ficar lendo migalhas do que vem pela frente.

Quero pedir também a quem está nessa viagem que não me julgue por ter super-valorizado a obra, caso assim entenda ao chegar ao final do livro. Só me senti disposta a ser sincera com minhas percepções e sensações. E fui.

Quero registrar o agradecimento à quem no dia 7 de agosto me indicou este livro, depois de um rápido encontro em um restaurante quando fizemos uma ainda mais rápida retrospectiva de nossas vidas - mais olhando para o presente do que voltando ao passado já tão distante para nós duas.

Enfim, hora de comer, rezar e amar pra valer, o que quer dizer: nada mais do que na intensidade da verdade que há em mim. E não necessariamente nessa ordem.

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