sábado, 16 de agosto de 2008

Amar, para comer e rezar em paz

Hoje, ao voltar para casa depois de um extenso dia de trabalho, prometi que não abriria o MacBook na cama como tenho feito na maioria das noites. Até porque as sextas-feiras costumam ser diferentes... mas foi irresistível e estou aqui. Um prazer quase tão incontrolável e tentador quanto as orgias gastronômicas de minha mais nova amiga de confidências, Liz para os íntimos, ou Elizabeth Gilbert para quem ao menos ouviu falar em Comer, rezar, amar, "o livro".

Ele me foi indicado por uma amiga que encontrei dia desses em um restaurante, por acaso. Ela acaba de ser mãe e está mais linda do que nunca. Rapidamente falamos de nossas novas fases de vida, de amor, dos 30 anos pelos quais estou cada dia mais apaixonada... de estar, mais do que ser, feliz. O que para Liz só resume o nome de seu precioso filho: Comer, rezar, amar.

Não corri à livraria ou acessei site algum para comprá-lo. Mas o encontro foi inevitável, durante um trabalho dentro de uma livraria. Olhei para ele e me apaixonei. E ainda não consegui parar de ler.

Diante de meu entusiasmo ouço questões como: "É bom mesmo?" ou "Não é muito auto-ajuda?" e até um: "Só se for auto-ajuda, tenho lido muito". Alguns amigos que me flagraram em romance explícito com o texto bom de Liz questionaram se meu namorado sabia dessa minha nova "relação". Acho que vêem em Comer, rezar, amar uma ameaça. "Não é o livro daquela mulher que se separou?", perguntou um deles. Devem ficar imaginando sei lá o que... Mas, quer saber? O que isso importa a não ser o fato de que estou amando e lendo e a medida que mais leio amo mais todas as coisas e tudo em mim?

Liz, apaixonada pelo italiano (entenda aqui tanto o idioma quanto a espécie masculina oriunda da Itália), cita Dante Alighieri com sua descrição sobre Deus: "l'amor che move il sole e l'altre stelle...". Frase que reproduzi no MSN e me levou a uma longínqua reflexão sobre o amor e Deus com meu irmão. Falamos de amores que vão e vem, de amores que são, de amor que é e fim... Mas que não deu fim nem conclusão à nossa discussão. E mesmo em discordância o melhor foi ao final a troca de eu te amos tão certos quanto estou de que agora escrevo em meu blog.

Em outros trechos do livro Liz escreve e me reconheço nela. Em um diálogo franco com sua mãe, ela diz coisas como: "Eu realmente preciso de um nível constante de proximidade da pessoa que amo". Eu, tanto quanto a mãe de Liz, também. "Lembre-se... sou de um tempo e de um lugar diferentes do seu", responde-lhe a mãe a certa altura, fazendo me lembrar do conselho de minha mãe certa vez... "Filha, eu seria sua melhor amiga por ser a pessoa que mais te ama nesse mundo. Mas também sou sua mãe. E tem coisas que eu sei que são difíceis de dizer para uma mãe. Então, eu peço que você escolha bem as amigas com as quais vai compartilhar sua vida." E assim minha mãe me fez entender quão importantes são as pessoas que escolhemos para nos ajudar a escrever a história de nossas vidas.

Bem, meu maior desejo agora é voltar ao livro e, quem sabe em breve, voltar a falar sobre ele e até sobre mim com a mesma sinceridade e desprendimento com que Liz escreve sobre suas mais grotescas feridas... Talvez um dia eu consiga dizer "os 11 quilos mais felizes da minha vida", como ela diz de boca cheia, literalmente. Por enquanto contento-me por estar controlando minha vontade de voltar à geladeira e saborear só mais meia lata de leite condensado delicadamente despejado sobre os vermelhos e frescos morangos que lá estão. Até quando, não sei!
Hoje ainda posso comer, rezar e até amar, mesmo que à distância, já que um amor assim vai muito além da geografia.

Um comentário:

Indio Brasileiro disse...

Rita,
amei seu texto... pois senti carinho materializado...
Obrigado,
IB